Moedas sociais para mudar a economía

logo-novas-da-galiza(Reproducimos con permiso artigo aparecido no nº 123 do Novas da Galiza.)

A.L.R. / Arredor de todo o mundo estám a surgir iniciativas que procuram dotar de valor social a umha das ferramentas através da qual o capitalismo mantém a sua dominaçom: a moeda. Perante a grande bolha de fume especulativo que criam Bancos Centrais, entidades financeiras, Estados… abre-se a possibilidade de construir umha moeda que esteja relacionada com as necessidades das pessoas que habitam um território, que ajude a reativar as vias do comércio local e a vida das pessoas desempregadas. O conceito de moedas sociais ou complementares nom é novo, se bem trás o estourido da crise económica estám a nascer em diferentes lugares propostas para o desenvolvimento dum sistema económico pensado na gente de a pé e nom nos benefícios multimilionários.

O debate sobre as moedas livres, sociais ou locais está a colher força, tanto no nosso pais coma no resto do Estado, ou mesmo do mundo. Som diversas as variedades e modelos de moedas sociais que existem, mas há um denominador comum: a necessidade de realizar transaçons económicas afastados do dinheiro fiduciário convencional, longe dos juros e da especulaçom. Recentemente, a iniciativa da Cooperativa Integral Catalana (CIC) fijo que projetos deste tipo no Estado saíssem à luz para procurar modelos de transiçom que afastem à populaçom das dinâmicas capitalistas. Até nos meios de comunicaçom convencionais se recolhêrom experiências em pequenas localidades ou bairros que contavam com umha moeda alternativa para algumhas transaçons económicas.

Desde a Mancomunidade Integral Galega (Miga) está-se a estudar a criaçom dumha moeda social galega, um projeto que se acha ainda numha fase mui inicial. Umha das pessoas que participam nesta iniciativa explica quais som os motivos para a criaçom de umha moeda social e diz que “em geral, creio que se trata de umha vontade de secessom da economia e do Estado. Disputar o monopólio da moeda ao inimigo é abrir um campo de batalha importante na luita social”. Esta mesma pessoa, expom que nom se trata apenas de umha questom de princípios, senom que tem umha importante utilidade para setores que estám a padecer a crise: “Poderíamos dizer que, numha crise como esta, a escassez de dinheiro está a provocar simultaneamente escassez de bens e impossibilidade de produzir; isso tem fácil arranjo se a gente começa a comprar e vender entre si sem a mediaçom do Banco Central Europeu. Quer dizer, esta medida seria útil para muita gente desempregada, mas também para muitos vendedores cujos compradores estám a ficar sem recursos. No entanto, a moeda social seria algo mais que militância: seria um bom recurso para a sobrevivência.”

Diversos de modelos e sistemas

Existem diferentes modelos de moedas sociais e é difícil topar dous projetos que sejam exactamente iguais. Assim, algumhas destas moedas tenhem um suporte físico enquanto outras som um registo informático na rede; há debate sobre se deve haver um organismo emissor ou se o dinheiro se cria nas próprias transaçons; se o valor da moeda tem que vincular-se com algumha moeda estatal, se nom, se talvez procurar um sistema misto… Um dos modelos mais utilizados e que começou a se empregar em Canadá arredor dos anos 80 é o Local Exchange Trading System (LETS). Este sistema define as pautas para a consolidaçom de redes de troco local sem juros. Deste modo, a moeda geraria-se quando se produz umha transaçom. A pessoa que oferta um produto ou serviço suma um saldo positivo equivalente ao valor acordado da transaçom e a pessoa demandante resta um saldo negativo. Na opiniom do ativista Manuel Casal Lodeiro, “os LETS som umha soluçom à falta de liquidez que padecem muitas pequenas empresas e autónomos, estes tenhen capacidade para trabalhar mas nom o podem fazer porque a banca privada e o Estado lhes fecham a bilha, os asfixiam. Há numerosos casos de sucesso por todo o mundo que demonstram que graças aos LETS a economia local pode volver a se reactivar”.

Nas propostas das iniciativas próximas à CIC, um modelo de moeda social passaria por combinar o sistema LETS com a mudança de moeda estatal à moeda social, mas nunca ao revés. Na publicaçom Rebelaos!, onde se exponhem os projetos do cooperativismo integral, sinaliza-se também a transparência que precisa “esta nova forma de entendermos a economia baseada na confiança”, e aposta polos sistemas informáticos para o registo dos trocos. Mostram-se também críticos com os sistemas baseados no papel-moeda: “Os sistemas que tenhem como único suporte o troco do papel-moeda som fracos em essência, já que para além dos perigos das falsificaçons e o custo de impressom dos bilhetes, nom permitem saber as flutuaçons que se dam no sistema devido a que nom sabemos a quantidade de dinheiro com o que conta cada pessoa”. Assim, existem ferramentas on-line que permitem levar o registo das transaçons nestes espaços de trocos locais. O mais estendido é o Community Exchange System, um sistema gestor de moeda social com mais de 10 anos de história, que conta com milhares de usuários e usuárias e mais de 350 redes de troco repartidas por todo o mundo.

Um exemplo mui diferente de moedas sociais aconteceu no Brasil, onde atualmente existem mais de 80 moedas sociais geridas por umha rede de bancos comunitários. Estas som reconhecidas polo Banco Central como complementares ao real e usam-se por parte dos bancos comunitários para estimular a economia local através da concessom de micro-créditos. Além destas moedas alternativas reconhecidas, existem outras muitas que funcionam sem o reconhecimento estatal.

Experiências na Galiza

No nosso país as experiências de moedas sociais fôrom modestas, estando inseridas nalgumhas ocasions dentro das dinâmicas dalguns centros sociais ou dalgumhas iniciativas tais como os bancos de tempo. Um exemplo galego é o dos galeuros, umha moeda social que nasceu ligada à rede Filhos de Galiza e cujos dinamizadores aprovárom em 2009 um plano de socializaçom desta moeda, este projeto topa-se atualmente parado. Assim, é de aguardar que em breves apareçam novas iniciativas para desenvolver um sistema económico mais próximo ao povo. “O dinheiro do futuro está surdindo ao nosso redor, de momento quase imperceptível, mas como os pequenos mamíferos quando se extinguírom os dinossauros, o futuro nascerá destas modestas experiências”, opina Casal Lodeiro.

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